Me perguntam sempre por que eu não vivo nas listas das
paradas literárias que andam rodando a internet, me perguntam porque eu não
coloquei meu trabalho na rua e fazem comparações bizarras, outras pessoas ainda
são bem sarcásticos comparando vendas eventos que são chamadas como se
esfregasse na minha cara uma competência que eu não possuo, porque sou rustica.
Sim rustica, essa é a palavra, como se seu fosse mesmo me preocupar com o tom e
o falso tempero que da um cheiro, mas ao colocar na boca é só química, não
chega nem a ser a essência. Estou aprendendo que sempre vai ter espaço pra
todos, todo mundo tem o seu diferencial, existem lugares que amo ir e que não é
legal pra alguns, assim como tem espaços que evito e pra outro tanto de gente
faz muito bem.
Lancei sagrado sopro em 2014 e 2015 me prontifiquei a ir a
alguns lugares lança-lo, lugares que escolhi a dedo sim por fazer parte da
minha história, eu estava experimentando uma nova fase poética minha, sai um
pouco da minha zona de conforto, a gente que escreve no fundo no fundo sabemos
o que agrada, o que é bem aceito, o que não gostam, e eu fiz sim um amontoado
de poesias que eu gostei sem me preocupar muito com a critica literária preta periférica
que se existe não fortalece, ou seja, estava me experimentando. E foi ai que abri um abismo, na verdade foi
uma escolha a de não usar de uma simpatia que não tenho pra ter que ficar
circulando em lugares que não fazem questão e não dão a mínima para a
literatura, não viajei porque as condições financeiras não estavam pra isso e
sabemos que ser poeta é fazer um auto investimento quando se precisa viajar. Desbravar
é o que andei e ando fazendo, estou desbravando o melhor de mim, e o melhor de
mim não compete de fato, é rustico e poucas ideias.
Estou pensando, e quem não me conhece não é culpa minha, meu
livro está aí divulgado, meus escritos também, eu não sou de emplacar nas
polemicas, raramente gosto de me manifestar, quem me conhece e troca comigo
sabe o que eu penso, como costumo agir, e isso não é se achar, é se preservar porque
esse meio é cruel com a gente, se criamos destaque somo aparecidas, vendidas
como tenho acompanhado um bando gente escrota atacando mulheres pretas que
estão se sobressaindo por ter um trabalho sólido, se preferimos outro caminho sem
muito alarde, sem muito flash somos antipáticas e não merecemos nada porque a
gente se acha. Eu tenho distribuído o melhor de mim em conta gotas, eu estou
feliz com meu trabalho, reconhecido ou não, fazendo barulho ou silencio, eu
nunca tive pretensão nem de ser escritora e se hoje sou é porque amo ler e
escrever e amo dizer que sou pois é um lugar que afirmam o tempo todo que a
gente não ocupa, é um lugar que dizem os mais velhos que fazemos tentativas literárias,
eu me desafio todo dia a escrever, e me desafio a sair da minha zona de
conforto, eu me desafio a fazer a diferença onde moro, com quem convivo, pra minha
filha, pra minha família, minha
referencia é minha avó sempre foi e sempre vai ser ela que é anônima nesse brasil
como tantas mulheres pretas são, assim como tantas mulheres que são referencias
minhas que são destaques ganhadoras de prêmios, romancistas, mulheres que faço
questão de reler o tempo todo porque tudo isso elas ja vivenciaram e de certa forma os livros delas me dão novos rumos.
Esse textinho saiu porque completou-se dois anos de
lançamento do Sagrado Sopro, um livro importantíssimo na minha vida, com ele
quebrei varias amarras e me sinto pronta pra novos desafios. Agradeço
imensamente tod@ que fizeram parte desse ciclo, se inicia outro com certeza e quero que venham comigo só quem me fortalece . Axé
Nenhum comentário:
Postar um comentário